segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Uso das novas mídias – Experiência nos EUA e na Europa

O jornalismo passa por um período de grandes transformações. Palavras como interatividade e pluralidade tem cada vez mais espaço na mídia. Nem sempre isso ocorre, mas os meios tradicionais afirmam buscar tais objetivos, visando compatibilizar seu conteúdo com as demandas exigidas pelo novo público, antenado nas redes sociais.

Mas afinal, qual a relevância e o papel das novas mídias e de seus novos protagonistas na atual configuração da comunicação? Está foi uma das questões mais debatidas e presentes durante o Encontro Mundial de Blogueiros.

“Não se pode mais fazer jornalismo sem seus novos atores”. Esta afirmação foi feita por Ignácio Ramonet, fundador do jornal francês Le Monde Diplomatic, durante sua apresentação no evento. Ele também considera que os meios tradicionais perderam o monopólio da informação e que passam por uma séria crise de identidade. Comparou a revolução tecnológica com o advento da imprensa no século XV, alem de dizer que as redes sociais criaram uma capacidade de organização capaz de desafiar o sistema.

Claro que nem todos os estudiosos da área possuem uma visão tão otimista. Pascual Serrano, jornalista e fundador do site rebelión (Espanha), diz que as redes sociais possuem aspectos positivos e negativos. Coloca que mesmo as redes sociais possuem influências de grupos econômicos, sem contar que muitas de suas abordagens são feitas de modo superficial, sem revelar um real conhecimento do assunto. “As redes sociais conseguem realizar mobilizações mas, na maioria das vezes, possuem pouco conteúdo, sem profundidade”, pondera.

Andrés Conteris, fundador do site Democracy Now em Espanhol, é um entusiasta das novas mobilizações organizadas pelas redes. Diz que um dos pontos de principal inovação nos novos movimentos é a de que não há uma hierarquia. Trabalha-se com o conceito de que são organizações horizontais, ou seja, todos estão no mesmo nível. Extinguindo, assim, a velha concepção de uma liderança, de organizações verticais. Para o jornalismo, fala que a transparência e a independência de interesses financeiros são a base para sua prática correta.

Estes pensamentos foram apenas alguns dos tantos que surgiram durante o evento. No caso, eles refletem mais para o panorama da comunicação nos EUA e na Europa. Porém, fazem-se presentes também na realidade brasileira. Esta será discutida em outro tópico, logo mais.

Por Guilherme Vanzela

Um comentário:

  1. Acho que essa é uma faca de dois gumes. De um lado, a organização, o anonimato e a possibilidade de mobilização e divulgação que as redes sociais trazem é importante e essencial para luta política nos dias atuais.

    A grande questão é que esse otimismo do Ramonet se torna o ponto negativo da história toda. Pra mim, isso ajuda a criar a noção de que estamos "vencendo a guerra", o que não é verdade. Os meios tradicionais NÃO perderam o monopólio, as pessoas ainda se formam por uma elite que realiza uma violência simbólica absurda contra a grande massa.

    Otimismo demais só serve pra maquiar a realidade.

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