quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Quando eu não seria mais a mesma

Gabriela Pereira

“Um dia sem futebol é um dia perdido.”

(Ernst Happel, ex-zagueiro e eleito técnico do século da Áustria)

Talvez eu esteja enganada ao pensar que esse texto que segue pode ser chamado de “bastidores da III Semana de Comunicação”, mas me arrisco em dizer que esse bastidor é bastidor só por seu meu e por ter sido guardado por alguns anos. Se acomode na cadeira e me acompanhe.

Eu estava na sexta série, acho que estava perto de completar 12 anos e sustentava orgulhosa meus primeiros óculos. O ano era 2002 e até o mês de maio, não tinha nada de especial para a grande maioria dos pré-adolescentes como eu. Mas até que em junho, eu comecei a acordar pela madrugada para ver um certo campeonato, no qual uma certa seleção de jogadores chegou desacreditada e levou o quinto título para casa. Invicta. Foi a primeira vez em minha vida que eu chorei por ver um capitão levantar e beijar uma taça agradecendo em pensamento seu grande amor, por me sentir parte de uma legião de torcedores que, como eu, viveu por um mês no fuso horário da Coréia e do Japão e, por saber que naquele dia, a Gabriela não seria a mesma sem o futebol.

Sim, meus caros, eu estou falando da campanha do penta da seleção brasileira. Por quê? Dia desses me peguei tentando resgatar quando decidi que o jornalismo era o eu queria para mim. Lembrei. Não foi nenhuma grande reportagem, nenhum grande marco em minha pré-adolêscencia. No alto dos meus 12 anos eu escolhi pela profissão mais apaixonante quando, na segunda-feira pós-penta, eu vi na minha sala de aula apenas uma pessoa com a camisa da seleção e, esbravejando, ouvi ao longe: "Essa menina deveria ser jornalista de esporte. Tem bons argumentos." Quem disse isso? Uma menina de 12 anos que reconheceu em mim o que eu reconheço agora.

Eu aprendi hoje lição que vale para a vida. "Critique, mas tenha bons argumentos."

Nessa quarta-feira, com jogos decisivos no Brasileirão e meu São Paulo tentando agradar a massa tricolor na Copa Sul-Americana, fui ver a única palestra que me chamou a atenção na III Semana de Comunicação. (Vale lembrar que é a quarta semana que presencio, mas nunca antes na história da minha graduação tive um TCC para entregar semana que vem. Esclarecido, né?)

Ao fim da palestra só conseguia pensar em como passaria para cada leitor o rio de emoções que inundava minha mente, enquanto um carioca articulado, mas muito do engraçado, contava porque o apelido dos jogadores do Bangu era "Mulatinhos Rosados".

Aí eu resolvi que deveria contar que hoje eu saí de casa para ver um editor do Esporte Espetacular, mas voltei conhecendo o Sidney Garambone, formando em RP, jornalista e que sabe, por conhecimento não por "decoramento", todos os campeões de todas as Copas do Mundo. Hoje, o tal do Garamba, me fez lembrar de verdade porque eu escolhi isso para minha vida.

E aí você deve estar se perguntando: "Por que, Gabriela?"

Porque, meus caros, de vez em quando alguém precisa nos lembrar de onde a gente veio e para onde a gente vai. De vez em quando você precisa lembrar do "quando a sua vida nunca mais será a mesma".

Esse bastidor é diferente por ser de apenas um dos tantos que estavam bem acomodados nas cadeiras do auditório da Acil. Esse bastidor é uma história que eu nunca dividi com ninguém, mas que hoje já não faz mais sentido guardar a sete chaves.

Salve Garambone, salve meus 12 anos.

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