quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Jornalismo tem graça – um post que até parece patrocinado, mas não é


Depois da jornada de trabalho que não é, para fins burocráticos, um trabalho de verdade, parti direto pra UEL. Uma da tarde. Almocei um pacote de bolachas de água-e-sal Piraquê (que não está patrocinando essa postagem, esteja claro) com um patê Soya de atum e azeitona rico em ômega 3 que estava fora da geladeira desde ontem. Estou viva, por enquanto.

Arranjamos a logística das salas para o segundo dia de oficinas (por logística entenda folhas de sulfite com orientações à caneta Bic) e fui assistir à oficina ministrada pela professora Dr. Márcia Buzalaf: “Relatos do Pasquim”.
Falar do Pasquim, entendi, é falar da história do Brasil. Da ditadura. Dos brasileiros.
Da história do Brasil porque um jornal tem, também, essa função - A Márcia contou que, apesar de zombarem volta e meia dos jornalistas, os historiadores acabam por ter as publicações jornalísticas como base importante,
se não principal, para as pesquisas históricas. O que deve significar algo...
Da ditadura porque o Pasquim, petulante, é inaugurado 6 meses depois do AI5. Zomba do regime, dos costumes. E, mais que isso, observar sua trajetória é observar a intensidade do regime e as características da censura, principalmente. O jornal muda enquanto o país muda.
E dos brasileiros – isso é opinião – porque o jornal tem um espírito assim. Primeiro pelo bom humor e pela graça, depois pelo espírito de ajuda, generosidade, troca. Quando o “primeiro escalão” do jornal foi preso, várias pessoas (incluindo Chico Buarque, Glauber Rocha, e outros nomes desse peso) ocuparam a redação, se prontificaram a fazer o Jornal e diziam – sem dizer, sob a ditadura – que as coisas iriam continuar “apesar de tudo” e que era por isso que “estavam ali, ó”.
O Pasquim trazia em todas (ou quase todas) as edições o que a Márcia chamou de ‘frase editorial’. Quase sempre começava com “Pasquim – um jornal que” (que inspirou o título dessa postagem, mas não julguem minha criatividade, obrigada).
A frase não era regra. A regra era o whisky, que bebiam muito, fotografavam muito e ofereciam pros censores. Sãos, os censores já permitiam que muita coisa passasse (ou escapasse), imagine bêbados...
Aprendi que o Pasquim tinha uma “afeição” por belas moças na primeira página – especialmente pela Leila Diniz. Aprendi que o Pasquim tinha um mascote - um rato em que alguém pisou num bar e tentou salvar num hospital comum... Que o Pasquim era um jornal de bom humor. E que o jornalismo pode ter graça, sim, pode chegar às pessoas, sendo feito por pessoas que não estão escondidas sob o lead, mas que existem de verdade. E aparecem. Mesmo em condições adversas.
Não é que eu esteja pretendendo contar uma novidade a vocês, por favor. Até porque de novidade isso não tem nem a cara. O que quero dizer é que a palestra foi bem humorada, íntima, uma delícia. E, discutindo um momento tenso na história do país, conseguimos até uma familiaridade com um período que nenhum de nós, presentes na sala, vivemos, mas ao qual certamente fomos “transportados” durante as 3 horas de atividade.
Os depoimentos e documentários que a Márcia trouxe vão ser disponibilizados aqui, logo mais. Pra quem não assistiu à palestra eu torço muito pra que o tema seja abordado novamente em algum momento. As pessoas merecem. E pra quem tá desde o primeiro parágrafo com a sobrancelha enrugada, eu respondo que é verdade, eu detesto atum. Mas isso não tem graça.

Um comentário:

  1. Já tinha ouvido maravilhas da oficina da Márcia...já tinha ficado com inveja de quem pôde participar...ao ler este post, senti aquela pontinha de inveja novamente...a mesma coisa com as oficinas do Knijnik, do Danilo, do Demétrio, do Ganchão, entre outras, das quais eu ouvi falar tão bem e fiquei remoendo a minha falta de sorte por não poder participar da programação vespertina da semana de comunicação. Por outro lado, as palestras da noite não decepcionaram. Nomes de peso, que parecem tão distantes, mas que, essa semana, se demonstraram tão próximos ou “normais” como qualquer professor nosso. Enfim, sem mais prolongamentos, só queria mesmo falar uma coisinha pra galera do CACOM e colaboradores...PARABÉNS!! vcs arrasaram! Fizeram uma Semana de Comunicação linda, que fez inveja nos azarados como eu, que não puderam aproveitar tudo, e deixou um gostinho de “quero mais” pro ano que vem...valeu!

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