Nesta tarde de quinta-feira (10), estudantes de diversos Centros Acadêmicos se reuniram para redigir uma carta em repúdio à publicada pelo ex-REItor Wilmar Marçal na edição de quarta-feira do Jornal de Londrina. A carta será enviada pelos 9 Centros Acadêmicos que se reuniram hoje e representam os estudantes, que Marçal tanto insiste em minimizar.
Os estudantes estão se organizando em seus Centros Acadêmicos para um ato público em repúdio às palavras proferidas em público, pelo ex-REItor da Universidade Estadual de Londrina, onde usa os termos "maconheiros, terroristas, mal-cheirosos e tanto outros adjetivos pejorativos para se dirigir aos estudantes que lutam pela autonomia universitária, contra a repressão e suas bandeiras históricas.
SE NÃO CONCORDA COM O QUE É DITO PELOS FASCISTAS, JUNTE-SE A NÓS!
QUINTA FEIRA, DIA 17/11
12h00 NO R.U DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA
Confirme sua presença no ATO também pelo facebook!
Traga cartazes, faixas, depoimentos, música, sua "garapa do ódio" e venha somar nesta manifestação pelos direitos de um Movimento Estudantil que luta por uma Universidade Pública Gratuita de Qualidade e para TODOS!
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Carta redigida pelos estudantes:
“Quem são de fato os encapuzados?”
Essa pergunta foi feita pelo ex-reitor Wilmar Marçal. Para ele são “hematófagos, mal cheirosos e terroristas”. A questão não é quem somos, mas sim, por que estamos encapuzados? Se assim estamos é porque não somos “um bando de preguiçosos que querem a mídia como emblema de existência”. Não somos uma espécie em extinção. Somos estudantes que trabalham durante a graduação para mantermos nossa subsistência e comprarmos nossos livros, muitos viajam ficando longe de suas famílias para realizar os estudos, não somos contemplados por políticas de permanência e ainda sim somos rotulados como “predadores do dinheiro público”.
É lamentável e previsível que o ex-reitor da UEL venha a público manifestar sua solidariedade com o reitor da USP, João Grandino Rodas, que acaba de acionar 400 policiais, tropa de choque, helicópteros, cavalaria, bombas e submetralhadoras para por fim à ocupação da reitoria. Para ele, não há mal nenhum em se violar a autonomia universitária e transformar a Universidade de São Paulo em uma área militarizada.
Tal postura é previsível, pois Marçal, enquanto foi reitor da UEL, tentou emplacar um plano de segurança muito parecido com o plano de Rodas, que previa o cercamento completo junto com policiamento dentro do campus. Marçal sofreu uma rejeição imensa da comunidade universitária, inclusive vendo naufragar suas aspirações em seguir uma carreira política. Pode ser daí que brota o seu rancor.
Sua carta destila muitos preconceitos. Chamar os estudantes de terroristas e defender a ação policial para uma questão política, mostra sua concordância com os métodos da ditadura militar. Mais do que isto, Marçal expressa um ódio de classe àqueles que batalharam para ingressar na universidade pública e que exigem que o direito à educação seja pleno, com moradia, alimentação, transporte e outras condições de permanência.
Assim como Rodas, o ex-reitor defende a elitização da universidade, que deveria em seus sonhos reacionários extinguir os estudantes de humanas, os estudantes que ingressaram tardiamente na universidade, provavelmente porque a dura batalha cotidiana pela sobrevivência os impediu de passar no vestibular aos 17 anos.
É preciso reafirmar: os 73 presos da USP, assim como os mais de 3 mil jovens que votaram a greve na USP pela retirada da PM do campus e fim dos processos aos lutadores são estudantes sim. Negar isto, chamando-os de baderneiros, maconheiros ou terroristas é um recurso ideológico bem conhecido das ditaduras e governos nazistas e fascistas. Temos em nossa “origem embrionária” não a cadeia, como pensa o ex- reitor, mas a educação.
Centros Acadêmicos de: História, Ciências Sociais, Comunicação, Biologia, Serviço Social, Arquitetura, Educação Física, Geografia, Agronomia, Artes Visuais e DCE - UEL
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